Lírica substantiva, lição de anatomia, relógio do mundo. Peça Coração é um trocadilho que se impõe como imagem descarnada de um movimento de extroversão puro, alienando seu sujeito no lugar-sacrifício de sua identidade.
No seu arabesco tenso, duas vozes, e uma personagem, simulam a musicalidade da prosa banal de um encontro gratuito. Entre o cálculo interessado e a espontaneidade, sua sintaxe avança no embate sem trégua, até a morte. Sua matéria não é o lirismo difuso, mas o foco que depura as ilusões contra a organização abstrata do mundo. Peça Coração encena em tempo real uma operação de risco, comicidade involuntária de um teatro no limite do acidente.
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